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A primeira questão colocada pelos pacientes que sofrem de crises de pânico é “Como devo agir durante o pânico?”

Entende que para “descodificar” o pânico, na minha perspetiva, há que conhecer as 3 etapas fundamentais:

– Etapa 1:  Antes do ataque iniciar;
– Etapa 2:  Durante o ataque de pânico;
– Etapa : Após o pânico.

Na primeira etapa, a dica principal é reconhecer os “teus” próprios sinais…eu já sei que tu leste imenso sobre o tema.
Mas nem todos os sinais são iguais para toda a gente!

Um sinal ou sintoma é uma espécie de professor que quer passar uma mensagem que tu não queres aprender (por algum motivo relevante).

Para estudar e compreender com eficácia a origem do seu pânico, deves prestar atenção à associação entre o(s)pensamento(s) negativo(s), quais as emoções evocadas (alegria, tristeza, medo, raiva e nojo) e a reação do teu corpo (resposta).

Assim, tu “descodificas” o que está acontecendo.

Mas podes perguntar: “Bem, mas se o professor quer explicar uma lição que não consigo aprender, então como descodifico o pânico?”

UMA LIÇÃO  IMPORTANTE SOBRE O PÂNICO:

O pânico que parece irracional, tem as suas razões ou lógica! Se vens de uma área profissional em que a lógica e a abstração estão sempre presente, então aproveita para analisar a seguinte frase: “que emoção básica estás a suprimir?”

PERGUNTA DE OURO:

“O que aconteceria se escutasses a mensagem dessa emoção que surge um pouquinho antes do pânico se instalar?

Na segunda etapa, durante o pânico importa saber que a tua mente te vai “pregar” uma partida. Hipoteticamente podes assumir um destes cenários:
– “vou enlouquecer” ou
– “vou morrer”.

E a reação de pânico diz: “quando é que isto acaba?”
A mente está a criar-te uma ilusão distorcida da realidade…pensa nisto, mas por favor, não te julgues, APENAS constata!
Existem muitas ilusões ópticas que parecem verdadeiras: porque são constatadas pela visão. Mas considera o seguinte exemplo: “durante o Verão, o calor que se liberta na estrada gera sombras e vapores que distorcem a nossa percepção da estrada e, numa certa distância parecem reais, mas depois há medida que te deslocas e te aproximas da sombra…essa mesma sombra desvaneceu-se e tu constatas que foi só uma distorção causada pelo calor.

RESPOSTA DE OURO:

Assim, é o ataque de pânico: intenso como o calor, mas ilusório como a sombra que se desvanece.

Nesta fase que, eu acredito que para muitas pessoas é reação de luta/conflito interno: só HÁ duas coisas a FAZER: PARAR e RESPIRAR!
Parar pode apenas ser, por exemplo, sair do sítio onde está, pode ser sair da divisão onde estás, pode ser afastar de qualquer acontecimento, ou até fechares os olhos para desconectar-te visualmente da cena.
Parar o que estás a fazer e respirar, pode PARECER uma perda de tempo. Mas é a CHAVE para o pânico.

A respiração conveniente para travar o pânico consiste em respirar com calma, e às vezes até devemos expirar.

E POR QUE RAIOS?! … Expirar?…

Para que ensines o teu cérebro a “esvaziar os pensamentos” que estão a acelerar o pânico.
O Sistema Nervoso Simpático está a acelerar demasiado e preciso travar.
Assim, é recomendável que ao respirares utilizes o abdómen … o que traduzindo corresponde a respirar usando menos o tórax e solicitar mais com o abdómen.

Desta forma, o centro do teu peito que corresponde à zona do coração e dos teus pulmões (centro das emoções) passam a evocar menos aspetos emotivos associados ao teu episódio traumático associados ao pânico.

Clica no link para ver Vídeo YOUTUBE: Respiração Consciente

Respiração Consciente

Os pés bem assentes no chão podem ajudar-te no enraizamento, no estar no “Aqui e Agora”.

Por fim, após o pânico é necessário e é precioso o AUTO-CUIDADO.

É preciso que tomes força de novo…e como é que isso se faz?

Pega no exercício dos 4 elementos e aplica em ti, ou pede ajuda a uma pessoa da tua confiança que te auxilie na respiração:

Terra: Estás bem sentado/a? Tenta fazer o contacto com os pés no chão…para teres a certeza que AINDA estás AQUI E AGORA!
Fogo: Gastaste uma quantidade considerável de energia (batimentos cardíacos acelerados gastaram as tuas reservas energéticas), então alimenta-te! Come algo saudável para equilibrar a energia.
Ar: Como está a respiração e o ritmo respiratório?
Água: Como está a tua boca? Seca não é? Então hidrata-te bem.

E sobretudo sê compassivo/a contigo!

“Ninguém tem um ataque de pânico SÓ porque quer, nem escolhe o momento que quer”

Ele simplesmente acontece porque as conexões no cérebro evocaram uma experiência anterior semelhante e estão a avisar-te que há algum perigo eminente … e a tua parte biológica está a tentar salvaguardar-se por alguma (BOA) razão.

Digamos estranhamente que o “pânico” é um amigo que te avisa.
Pensa quando não tiveres a sentir pânico: o que será que ele te quer ensinar e por favor escuta a resposta.
O professor por mais duro que seja, ele tem urgência na mensagem.

E fica tranquilo/a:

“Ninguém morre de um ataque de pânico!”

Os militares em campo de batalha não estão permanentemente em pânico: eles estão atentos e presentes em cada momento! … bem, tanto quanto possível.
Existe talvez várias partes de ti, ainda muito mal decifradas que querem coisas muito diferentes umas das outras: uma quer muito “morrer”, a outra quer muito “viver”, mas ambas são unidas pela mesma emoção: que é o MEDO!

Sim, leste bem!

Existe uma partezinha de ti que tem muito medo de morrer e co-existe outra que tem muito medo de gostar de viver. E a mente pesa tudo isto na balança e diz: mas afinal, aqui quem é que precisa urgentemente de ser atendido?

Que parte tua deve “morrer” para que a outra possa “viver” sem medo?
E se um dia parasses de controlar ambas as partes?
Como seria viver sem o pânico já que te é tão familiar?

Às vezes é preciso “morrer” ou “desistir” ou “renderes-te” do medo de ter medo com generosidade e sem luta para acolheres um novo Eu mais calmo e pleno.

Espero que esta descodificação das tuas partes internas, te possam ter ajudado mais um pouquinho no entendimento do teu precioso diálogo interno.

Até já! Isabel Cocheira