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Sobre a Constelação Familiar
A Constelação Familiar é uma técnica utilizada para identificar desequilíbrios dentro dos relacionamentos humanos.
Geralmente, um dos temas mais solicitados pelas pessoas que recorrem a uma sessão de constelação familiar são assuntos de índole familiar.
O objetivo é identificar padrões de relacionamento que se repetem nas várias gerações e dão origem a vários bloqueios.
Tome como por exemplo alguém que frequentemente não consegue emprego ou não consegue mantê-lo. Para além de colocar em causa a auto-estima, a auto-confiança da pessoa pode também ser o espelho de falta de prosperidade nas várias gerações. Por amor, os descendentes continuam honrando essa escassez.
A Constelação Familiar foi criada por um filósofo alemão que se chamava Bert Hellinger, mas a sua obra continua viva e em evolução. Apesar de se ter dedicado a áreas bem variadas desde a psicologia, psicoterapia, hipnose, Bert Hellinger trabalhou como missionário em África estudando as tribos e as suas dinâmicas.
Importa ainda explicar que as constelações familiares têm vários formatos. A sessão individual pode ser feitas de “um para um”. Ou seja, este tipo de sessão ocorre na presença de um terapeuta ou facilitador que atende apenas um cliente.
Outro formato possível é a Constelação em Grupo. Neste caso, o tema de um sujeito é apresentado e abordado a nível grupal.
Enquanto que na sessão individual são utilizadas figuras que representam determinados papéis, na sessão grupal são os participantes que assistem e entram nesses papéis.
Neste sentido, a participação em grupo dos sujeitos ou dos representantes está ao serviço de Algo Maior!
Daí a importância em seguir, confiar e deixar-se levar pelo “movimento” da constelação.
Estar ao serviço dentro da constelação é colocar-se “dentro dos sapatos” por assim dizer dos representantes. Isto é por si só uma arte e exige um desapego total.
As constelações familiares têm um objetivo simples, mas complexo: que é verificar que tipo de desequilíbrio existe nas nossas relações pessoais.
Os desequilíbrios não incluem apenas dificuldades relacionais entre familiares.
Pode manifestar-se de outras formas:
– ao nível do dinheiro (falta ou escassez de recursos financeiros);
– ao nível do sucesso com o par amoroso (relacionamentos tóxicos ou disfuncionais onde Proteção e Poder podem ser confundidos);
– ao nível laboral com a hierarquia ou com colegas de trabalho que apresentam padrões de comportamento que geram conflitos e não permitem que a empresa evolua.
Seja qual for o desequilíbrio, a constelação familiar permite através de um olhar mais amplo e abrangente: sem medo, sem desejo e sem julgamento de valor.
O desequilíbrio traz um ensinamento.
Esse desequilíbrio repete-se tantas vezes para demonstrar o que os elementos do sistema não têm consciência.
Um desequilíbrio ancestral mais comum e que afeta a descendência e que às vezes é difícil descodificar é não ter conhecimento e não respeitar os que vieram ANTES de nós. Esta falta de informação (ou de memória) tem uma relação muito direta com a forma como gerimos os nossos dons e recursos financeiros.
Uma atitude de gratidão para com a nossa linhagem masculina e feminina, faz toda a diferença na aceitação do fluxo da Vida.
Quando agradecemos aos nossos ancestrais por tudo aquilo que aconteceu, do jeito que aconteceu, tomamos ou recebemos mais força; mais força para viver os nossos dias.
Por outro lado, o fluxo deste Amor ajuda-nos a compreender muitas das vezes é melhor o nosso propósito de vida seja através daquilo que nós fazemos, ou do que nós nos dedicamos. Assim o conhecimento da ancestralidade acrescenta mais significado ao nosso propósito de vida e à nossa evolução pessoal e coletiva. Aqui reside a força do primeiro princípio: a ORDEM ou Hierarquia.
A pertença ou pertencimento que é o segundo princípio, diz que todos os elementos do sistema fazem parte.
É óbvio que todos fazem parte! Parece fácil. Mas a questão que se coloca é: “quem é que pertence? Quem foi excluído e deve ser incluído?
São esses todos aqueles que estão presentes, mais os que estão distantes e ainda as pessoas que foram excluídas.
Para manter o equilíbrio é importante que os elementos que excluem podem automaticamente ser excluídas.
A questão das crianças que foram abortadas, os casos extraconjugais, os parentes que foram esquecidas devido a guerras ou pessoas que foram esquecidas porque decidiram tomar outro rumo e ficaram em outro continente e afastaram-se da sua família original…todos eles pertencem.
Todas as pessoas devem ser consideradas em todos os sistemas familiares.
Outro princípio importante é: o “Dar e Receber”ou “Reciprocidade”. Para que as nossas relações sejam equilibradas e saudáveis, o ato de “Dar” e “Receber” deve respeitado, tanto quanto possível.
Este movimento do Dar e do Receber pode ser ilustrado através da metáfora dos pratos da balança, onde “aquele” ponto de equilíbrio é tão delicado. A consciência do que estamos a dar e do que estamos a receber tem uma relevância tão grande que se a maioria das pessoas conhecesse a dinâmica que se esconde por detrás deste princípio entenderia como os afetos, a sexualidade, a saúde, a vitalidade celular, a prosperidade, as boas amizades e as relações amorosas saudáveis; então os destinos das pessoas seria de uma qualidade mais elevada.

Sobre o Amor Interrompido
Bert Hellinger, pai das Constelações Familiares teve um longo percurso profissional e foi passando pelas diversas áreas.
Bert começou a trabalhar na área da psicologia, passou também pela área da psicoterapia e da hipnose. Foi missionário em África e trabalhou com as tribos africanas.
Graças à sua dedicação às pessoas e aos grupos e neste caso específico trabalhou junto das tribos.
Esta consciência grupal, este coletivo, está bem presente na abordagem sistémica.
Sempre que alguém se refere à técnica da Constelação Familiar, na verdade refere-se a uma abordagem onde o terapeuta não está apenas a auxiliar o cliente de forma individual.
Costuma-se dizer que o cliente não vem sozinho à sessão (mesmo que seja uma sessão individual): vem todo o seu sistema ancestral!
Existe um historial ancestral por detrás dela que é único. Por isso é relevante a construção de um genograma, no qual se representa graficamente o sistema familiar que o cliente considera importante ou que tem presente na sua memória.
Bert Hellinger tinha uma linguagem única e bastante metafórica para referir-se aos fenómenos que surgem nas constelações.
Ele dizia que a Vida é como um Rio. Este fluxo da vida foi gerado por algo.
O Rio gerou-se na montanha e na nascente.
A montanha e a nascente dão Vida ao Rio, mas o Rio nunca corre para a nascente.
Metaforicamente, isto quer dizer que pai e mãe dão origem à vida…geram o seu projeto a dois e a 50 % (justamente em partes iguais), geram um filho. Contudo, o filho nunca poderá dar a Vida aos Pais.
O fluxo de Amor que Pai e Mãe geram juntos é um Dom Supremo.
Para que este fluxo de Amor progrida neste Rio é crucial que pai e mãe sejam aceites incondicionalmente.
Quando isto não acontece, o fluxo do Amor começa a ficar bloqueado…o fluxo de Amor é interrompido.
E porquê se pode interromper este Fluxo de Amor que gerou Vida?
Tudo começa na infância!


Sobre as feridas emocionais
Às vezes os pais e mães estão:
– indisponíveis por acumulação de obrigações ou por dificuldades emocionais próprias (depressão, dissociação, etc.);
– ausentes fisicamente por períodos mais longos ou curtos (mas certamente que antes dos 2/3 anos a criança sente a ausência dos pais que tiveram que ir morar noutro país ou cidade, como algo que não consegue expressar mas que lhe causa algum pesar);
– frieza ou distanciamento emocional demonstrando alguma limitação na forma de expressar emoções de forma espontânea à criança;
– desaparecimento de uma das figuras parentais (morte, acidente ou suicídio).
Este canal de amor é sentido pela criança como um local não seguro, não confiável pois um alguém fez uma promessa que não cumpriu.
Com esta percepção a criança fica impedida de poder sentir amor dos pais de forma incondicional e segura.
O impacto que esta percepção tem no desenvolvimento emocional ao longo da vida, poderá levá-lo a experimentar a sensação de não ter sido suficientemente amada.
A constelação familiar identifica esta falta, à medida que os participantes ficam ao serviço desta dinâmica, eles demonstram espaços vazios, distâncias longas e olhares que não se cruzam…a dança do desencontro!
Contudo, a imagem destes pais que não corresponderam à expectativa da criança que tanto reclama a atenção sobre si insistentemente.
Ainda assim, esta criança teve os melhores pais possíveis, porque em conjunto eles deram-lhe Vida. Eles são os seus melhores professores! Por vezes, um Pai ou uma Mãe apenas pode ou soube dar a Vida aos seus filhos e pouco mais.
O maior ensinamento que a criança pode ter dos seus pais indisponíveis que é elevá-la até um outro patamar. Estas crianças passam a ter que saber como entreter-se, buscam coisas construtivas e olham para o mundo à sua volta como um desafio.
Este presente deixado pelos pais que parece “envenenado” na verdade pode ser transformador.
Excetuam-se os casos de grave negligência.
Também na ausência física dos pais estimula na criança, uma certa independência.
Da mesma forma que filhos de pais frios ou distantes emocionalmente, busquem a forma adequada para expressar as suas emoções pois é sumamente importante encontrar dentro dessa criança um local sereno.
No caso de uma das figuras parentais desaparecer, a criança passará por um luto e terá que crescer procurando e achando esse pai ou mãe dentro de si própri@.
Todos estes desafios fazem com que cada pessoa se torne forte e que transforme aquele episódio traumático, se assim se permitir.
Quando o fluxo de Amor é interrompido, o cérebro da criança é alterado e o seu crescimento pode ser afetado, nomeadamente ao nível da programação mental, das redes neuronais, das sinapses que se geram e dos padrões de resposta que se vão instalando.
Tudo isto pode condicionar a resposta da criança às eventualidades da Vida.
A criança começa a sentir que este sítio chamado “Amor Incondicional” não é um local tranquilo. Por isso começam a questionar-se como tomar ou como receber o amor dos pais, sem condições.
De geração em geração, a mensagem que os pais estão a transmitir aos filhos é sem dúvida uma missão delicada.
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Sobre a Tribo de Amazonas

Em algumas abordagens dentro das constelações familiares, gera-se aquilo que nós chamamos de “Tribo de Amazonas”.
Esta Tribo gera-se num sistema familiar onde muitos homens ficaram ausentes. Talvez por questões relacionadas com a guerra, com a imigração, por separação.
A ausência do lado masculino e sobretudo a presença destas Mulheres que tiveram que aprender a serem invencíveis, vão à procura de um homem que preencha este vazio deixado pelo seu pai.
Elas ficam numa lealdade tão forte e mantêm-se fiéis às suas regras…limitadoras!
Algumas destas mulheres ficam solteiras ou não voltam a ter relacionamentos, permanecendo agarradas a esta esta tribo onde os homens não têm espaço.
Não se aceita o homem, ou não é visto como alguém útil, seguro ou confiável.
Este modo de vida abre um precedente, sobretudo se elas estão a criar filhos homens.
A mensagem distorcida passada aos seus filhos tem que ser revistas a dois níveis: no que se diz utilizando a linguagem verbal e sobretudo na linguagem não verbal (que a criança capta com maior eficácia).
Este padrão de luta entre “masculino” e “feminino” vai-se repetindo ao longo das várias gerações e é possível detetá-lo até 7 gerações anteriores.


Se a linguagem não verbal é mais forte que a linguagem verbal, então a pergunta que se levanta é:
“será que as mensagens e os comportamentos parentais estão a ser coerentes com as vossas atitudes?”
“será que como cuidadoras e cuidadores da próxima geração, os pais e mães cuidam adequadamente corpo, mente e alma?”
Tomar um amor que foi interrompido permite-nos estar por inteiro na Vida e fazer escolhas criteriosas nos relacionamentos. Para isso é necessário desenvolver o amor próprio, sentimento de valor e de auto-estima (q.b.).
Amar com critério a si mesmo, para depois saber como amar o outro!
O espelho dos limites que colocamos em nós e nos outros é diretamente proporcional: na medida em que o nosso Amor não tenha limite, o Amor do outro também dentro dessa relação também não terá limites. É como se tratasse de um País sem Fronteiras.
Por isso o papel da transmissão de valores sem juízo de valor é sumamente importante para a saúde mental da criança que um dia também ser tornará um adulto e dará lugar a uma nova geração.